105. Rumores na copa
O cheiro do café fresco misturado ao som constante da cafeteira preenchia a copa do andar 15 da Constellation. Era o ponto neutro da empresa — o lugar onde estagiários e diretores dividiam a mesma garrafa térmica, como se o nível hierárquico se dissolvesse temporariamente entre goles de cafeína.
Isabela Duarte entrou na sala sem grandes expectativas. Seus olhos estavam cansados, mas seu andar seguia firme. Precisava apenas de um chá de camomila antes da próxima reunião com a equipe de expansão do projeto. Porém, o que encontrou não foi silêncio — foram vozes abafadas que cessaram assim que ela cruzou a porta.
— … só estou dizendo que onde há fumaça… — sussurrou uma voz feminina.
— Shhh! — disse outra rapidamente. Uma terceira tossiu, nervosa.
Isabela hesitou por um instante antes de se aproximar da bancada. Pousou sua caneca com delicadeza e começou a preparar o chá como se nada tivesse acontecido. Mas o silêncio denso, que pairava agora como uma névoa carregada, era impossível de