A conversa já durava mais de três horas. O relógio na parede marcava quase 18:00 horas, mas o tempo parecia ter parado desde que Pedro começara a revelar tudo. Isabela estava sentada na poltrona, os olhos fixos no chão, como se tentasse encontrar ali alguma lógica para o caos que se instalara em sua mente. A cada nova revelação, uma parte dela se desfazia. Era como se estivesse sendo desmontada por dentro, peça por peça.
— Pedro... — disse ela, com a voz fraca, quase um sussurro — eu preciso descansar um pouco. Preciso pensar em tudo isso. É muita coisa.
Pedro se levantou devagar, como se o peso das palavras que ainda não dissera o impedisse de se mover com naturalidade. Ele caminhou até a janela, espiando pelas frestas da cortina. O silêncio da rua não o tranquilizava. Havia algo no ar, uma presença invisível que o fazia sentir-se observado.
— Eu entendo, Isabela. — disse ele, sem se virar — Mas talvez... talvez depois que você sair daqui, não tenhamos mais oportunidade de conversar.