A noite estava pesada. O céu, encoberto por nuvens densas, parecia refletir o turbilhão que se formava dentro de Pedro. O silêncio no quarto era quebrado apenas pelo som distante da chuva que começava a cair novamente, como se o mundo lá fora chorasse junto com ele. Isabela estava sentada no sofá, os olhos fixos em um ponto qualquer da parede, como se tentasse fugir da realidade que se impunha diante dela. Pedro, em pé, hesitava. Suas mãos tremiam, não pelo frio, mas pela angústia que o consumia.
Ele respirou fundo, como quem se prepara para mergulhar em águas profundas e perigosas. E então, com a voz embargada, continuou:
— Quando tudo foi sendo revelado, Isabela... — disse ele, com os olhos marejados — eu me senti um estúpido. Um idiota completo. Não acreditei que estava sendo feito de bobo, manipulado como um peão num jogo sujo. Mas talvez... talvez esse tenha sido o preço por tudo que eu fiz ao longo dos anos.
Isabela desviou o olhar para ele, sem dizer nada. Havia dor em seus olh