A chuva caía com constância sobre os vidros da mansão, como se o céu também tivesse algo a lamentar. Pedro estava no escritório, com um livro aberto diante de si, mas não lia. As palavras se embaralhavam, perdiam sentido. O que ocupava sua mente não estava nas páginas, mas nos corredores da casa, no quarto ao lado, na mulher que ele havia deixado escapar por entre os dedos.
Isabela trabalhava até tarde. Ele ouvia o som suave das teclas do computador, o leve arrastar da cadeira, o silêncio entre uma ideia e outra. Era um som que, anos atrás, ele ignorava. Hoje, era quase uma melodia. Cada gesto dela, mesmo os mais simples, carregavam uma beleza que ele só agora conseguia enxergar. E isso doía. Doía como uma ferida que ele mesmo havia aberto.
O celular vibrou. Era Sofia. A tela piscava com o nome dela, e Pedro hesitou antes de atender. A voz dela surgiu do outro lado, doce, familiar.
— Pedro... estou com saudades.
Antes que ele pudesse responder, a ligação caiu. A tempestade havia afeta