A noite se estendia sobre a mansão dos Santos como um véu de lembranças e arrependimentos. Após o jantar, todos se reuniram na sala principal. O crepitar da lareira preenchia o ambiente com um calor reconfortante, contrastando com o frio e chuva torrencial que ainda pairava entre Pedro e Isabela. Ana, a filha do casal, ria inocentemente enquanto brincava com os blocos coloridos sobre o tapete felpudo. Isabela, ajoelhada ao lado da menina, sorria com ternura, alheia ao olhar constante de Pedro, que a observava com uma mistura de nostalgia e dor.
Pedro tentava se concentrar no livro que tinha em mãos, mas as palavras se embaralhavam. A presença de Isabela o desestabilizava. Ela estava ali, tão próxima, e ao mesmo tempo tão distante. Ele se lembrava de uma noite em que jogaram xadrez em um evento da empresa. Ela havia vencido, rindo alto, zombando carinhosamente de sua estratégia desastrosa. Era uma memória que doía e aquecia ao mesmo tempo.
— Isabela? — chamou ele, com a voz baixa, quas