A luz filtrava pelas persianas de madeira do meu quarto, tingindo o ambiente com tons dourados e quentes. Os primeiros raios da manhã pousavam suavemente sobre minha pele, como dedos gentis tentando me acordar sem pressa. Abri os olhos devagar, sentindo o corpo ainda entorpecido não só pela madrugada intensa, mas pela paz rara que preenchia o espaço entre o ontem e o hoje.
Ao meu lado, Dante dormia profundamente. O rosto sereno, o peito subindo e descendo com um ritmo calmo, como se o mundo inteiro estivesse em suspenso para que ele pudesse continuar sonhando. Observei-o por alguns instantes. Era curioso como alguém tão vibrante em presença podia parecer tão leve dormindo. Sem máscaras. Sem defesas.
Havia algo nele que me puxava, que me desarmava. E não era apenas o físico embora aquele maxilar bem definido e os braços fortes certamente ajudassem. Era a maneira como ele ouvia. Como dizia verdades sem transformá-las em armas. Como me olhava sem me medir.
Me levantei com cuidado, para