A mensagem ainda ecoava, não pela ameaça direta porque não era uma, mas pelo subtexto que carregava. "Tem certeza que quer continuar com isso?
Não dizia “pare”, nem “cuidado”. Dizia “certeza”. Como se quem a escreveu soubesse exatamente o que estava em jogo. E o que eu podia perder.
Estávamos no carro, voltando para casa. Elisa, sempre atenta, não pressionou. Apenas me olhava com aquela expressão de quem não sabe se pergunta ou se apenas permanece ao lado. E, no fundo, eu apreciava isso nela. A lealdade silenciosa.
Chegamos. Entrei direto e fui para o meu quarto. Troquei o vestido por um moletom antigo que usava quando era mais nova, uma espécie de armadura de conforto e prendi o cabelo num coque frouxo. Só então peguei o celular de novo e encarei a tela.
A mensagem continuava ali, fixa como uma faísca prestes a incendiar pensamentos perigosos.
Respirei fundo, destravei o aparelho e encaminhei o número para Ângelo com uma única instrução:
"Rastreie. Quero saber quem mandou e de onde v