O dia seguinte amanheceu com uma luz macia atravessando as cortinas do meu quarto. Por um segundo, antes de abrir os olhos, pensei que ainda estava presa ao sonho da noite anterior. Mas então senti o cheiro de café fresco vindo da cozinha. E lembrei.
Dante Morelli havia estado na minha casa.
Não houve beijos, nem promessas, tampouco juras. Mas houve algo muito mais raro: vulnerabilidade compartilhada. Aquele tipo de conexão que se constrói nas entrelinhas, no silêncio entre um gole de vinho e uma lembrança de infância. Algo novo, assustadoramente leve, mas com o potencial de virar tempestade.
Desci as escadas ainda de camisola de seda, pés descalços, cabelos soltos e com aquela estranha sensação de paz inquieta. Jarbas me aguardava na cozinha com sua expressão estóica, mas havia um envelope branco sobre o balcão. Ao lado dele, um buquê de tulipas brancas.
— Isso foi entregue bem cedo, senhora Marchesi — disse ele, recuando como quem sabia que algo pessoal acabara de acontecer.
Abri o