A luz suave do fim da tarde atravessava os vidros do restaurante discreto onde Gerard havia marcado o encontro. O lugar era afastado do centro, decorado com madeira escura, cortinas pesadas e o perfume leve de ervas finas. Um refúgio que parecia saído de outra época, e talvez fosse essa a intenção: nos esconder do presente.
Cheguei antes dele. Pedi um chá de hibisco, mais para manter as mãos ocupadas do que qualquer outra coisa. Meu estômago estava em guerra. O telefonema de Gerard não havia sido apenas estranho. Foi um sinal claro de que algo estava errado. E, quando a família D’Ambrosio está envolvida, errar é um luxo que se paga caro.
Ele chegou doze minutos depois. Estava mais magro, o cabelo desalinhado e trazia um semblante carregado, tenso. Não houve sorriso, tampouco cumprimentos calorosos. Apenas um aceno curto e a queda pesada de uma pasta sobre a mesa.
— Antes que diga qualquer coisa, olhe isso — ele disse.
Sem rodeios. Sem filtros. Tipicamente D’Ambrosio.
Abriu a pasta e e