Cheguei à sede da Phoenix, e o vidro espelhado da entrada refletiu minha imagem com perfeição cirúrgica: cabelos presos com elegância, maquiagem impecável, salto alto como armadura. Mas por dentro, eu era um campo minado. Cada passo exigia foco. Cada respiração, um controle que beirava o insuportável.
Passei pela recepção recebendo acenos e sorrisos automáticos, todos acostumados com minha presença firme. Mas assim que entrei no elevador privativo e a porta se fechou, o espelho revelou algo mais: o olhar exausto de uma mulher prestes a retornar ao epicentro de uma guerra antiga.
Quando as portas se abriram no meu andar, encontrei Elisa já à espera, com o tablet em mãos e o cenho franzido.
— Beatrice — disse ela, aproximando-se com passos rápidos — acabei de receber uma notificação da secretaria do Conselho do Grupo D’Ambrosio. Reunião extraordinária em dois dias. Assunto: transição executiva.
Suspirei. Eles estavam se movendo. Rápido.
— Pode confirmar a minha presença.
Elisa assentiu