Beatrice Marchesi
A casa estava silenciosa demais para uma sexta-feira. Depois de uma semana intensa, eu poderia simplesmente colocar uma playlist de jazz, abrir um vinho caro e mergulhar nos meus e-mails represados. Mas hoje, eu queria outra coisa. Leveza. Gargalhadas. Gente que me olhasse sem pensar em contratos, lucros ou capas de revista.
Foi por isso que liguei para a Lívia.
— Hoje à noite. Aqui em casa. Vinho, queijos e sua boca grande. Topa?
Ela nem deixou eu terminar a frase:
— Tô dentro. Levo a sobremesa. Espero que você tenha mudado aquele vinho horroroso que serviu da última vez.
Revirei os olhos.
— Era chileno e caríssimo, ingrata.
— Caro não é sinônimo de bom gosto, amore. Em uma hora estou aí.
E cumpriu a promessa. Uma hora depois, a campainha tocou e eu mesma fui abrir. Lívia estava com um vestido preto justíssimo, salto vermelho e segurando uma sacola com duas tortas de limão da confeitaria preferida dela.
— Vim salvar sua noite e sua adega. Onde estão os queijos? —