O céu amanheceu coberto por nuvens pesadas. A mansão parecia escura, mesmo com todas as janelas abertas. Era como se os muros tivessem absorvido a tensão que crescia dentro de cada um de nós. E agora, devolvessem esse peso em forma de silêncio e sombra.
Desde o sonho da madrugada, algo em mim não cessava. Um tipo de intuição, de prenúncio. Um sussurro que dizia que o ciclo havia começado um ciclo de mudança, de dores e de revelações, mas que ciclo seria esse. O tipo de mudança que não se reverte.Eu me vesti com calma. Escolhi preto, como fazia a mãe de Enzo e Dante, nos dias em que o peso do nome Montanari exigia mais do que palavras. Encontrei Elena na biblioteca, organizando alguns livros antigos com uma delicadeza que só ela dominava.– Te vi na janela de madrugada. – ela disse, sem me olhar.– Tive um sonho, mas não sei se é bom ou ruim. Sonhei com uma criança correndo pelo campo, mas não via seu rosto.– E ainda sonhará mais. O temp