Mais tarde naquele mesmo dia, Elena voltou a me procurar. Mas desta vez, seu semblante estava diferente — sombrio, decidido.
— Anna, preciso te mostrar algo — disse ela, fechando a porta da biblioteca com um clique firme. Em sua mão, havia um papel amassado, como se tivesse sido retirado às pressas de algum esconderijo.
— O que é isso Elena?
Ela colocou o bilhete sobre a mesa. Era um papel simples, de caderno, com a letra rabiscada e torta. Mas o conteúdo era um soco no estômago:
“Você vê tudo. Se abrir a boca, vão abrir seu peito. Seus filhos morrem primeiro.”
Meus olhos arderam, mas mantive a compostura.
— Quem escreveu isso?
— Graziela encontrou ontem à noite no quarto dos fundos. Lorenzo andou por lá. Ela só me contou hoje, tremendo. Não queria envolver ninguém, mas está em pânico pelos filhos.
Minha respiração falhou. Senti um gosto amargo subir à garganta.
— Ele ameaçou matar crianças.
Elena assentiu, séria.
— É mais do que traição, Anna. É covardia. E agora, é pessoa