(( Enzo ))
O cheiro de hospital ainda grudava em minhas narinas como uma lembrança recente demais para ser nostalgia. Aquele quarto branco, com luzes suaves e o som intermitente de monitores, deveria ser frio, impessoal. Mas não era. Porque ali, naquele espaço, minha vida havia sido rasgada e costurada novamente de forma irreversível.
Vitória.
O nome ainda soava surreal em minha mente. Como se ao pronunciá-lo eu invocasse algo sagrado e definitivo.
Ela dormia agora, enrolada como um pacotinho morno, aninhada no colo de Anna, que também dormia. O rosto da minha mulher parecia mais leve do que nos últimos dias. O esforço do parto havia esculpido cansaço nas pálpebras, deixado sombras sob os olhos, mas também uma paz nova. Uma beleza crua. Verdadeira.
E eu?
Eu não conseguia sair daquele lugar ao pé da cama. Nem sentar, nem fechar os olhos. Só conseguia ficar ali, obser