A casa dormia, envolta no som suave do vento que arranhava as janelas. No silêncio da madrugada, o tempo parecia segurar a respiração, como se esperasse pela confissão que há tanto tempo morava em nossos olhos. A luz suave da luminária do corredor banhava a sala com um tom âmbar, e ali estava ele, Dante, com Vitória no colo, embalando-a com uma ternura que fazia meu peito doer.
Me aproximei devagar, como quem invade um templo sagrado. Ele não disse nada de imediato, apenas continuou a niná-la, os olhos fixos no rostinho sereno da menina. Sentei-me ao lado dele no sofá. Não precisava dizer muito entre nós, o silêncio sempre soube falar melhor do que as palavras.— Ela tem os seus olhos — murmurei, os dedos tocando de leve o cabelo escuro da bebê.Dante sorriu de lado, mas havia tristeza naquele gesto.— Eu sei, Anna. Sempre soube. Desde o primeiro dia.Pisquei, contendo a emoção que ameaçava me engolir. Por tanto tempo reprimi aquela certe