O sol da Toscana iluminava o palácio Montanari como se até ele soubesse que aquele dia era especial. As janelas estavam abertas, deixando entrar a brisa suave da primavera tardia. Os corredores perfumados com lavanda, jasmins e vinho. Cada canto da propriedade respirava uma única coisa, vida.
Vitória completava dois anos.
Dois anos que pareciam mil.
Dois anos que haviam me transformado em tantas versões de mim mesma, filha, mãe, mulher, guerreira. E naquela manhã, enquanto ajustava o laço do vestido branco dela, sentia como se o tempo tivesse parado apenas para me deixar respirar esse instante.
— Mamãe? — ela perguntou, virando-se para mim com os olhinhos atentos.
— Hoje é meu dia?
— É, minha flor. Hoje o dia é todo seu.
Ela sorriu com os dentinhos ainda incompletos, as covinhas saltando como dois segredos revelados, e abraçou meu pescoço com força.
Enzo entrou no quarto nesse momento. Estava impecável, terno claro, sem gravata, com os cabelos soltos e a barba por fazer. Aquela aparên