((Dante))
Saí do quarto em silêncio, sem olhar para trás. Deixei que a porta se fechasse devagar, como se qualquer som acima de um sussurro fosse uma ofensa à paz que pairava naquele espaço. A paz que eles criaram. Enzo, Anna e Vitória. A menina. Minha sobrinha. Minha filha. Minha pequena metade, que nunca levará meu sobrenome, mas que já carrega meus traços nos olhos talvez ou no nariz, como Enzo apontou, e que, de alguma forma que eu não compreendo direito, já sabe quem eu sou. Andei pelo corredor branco, paredes pálidas e geladas ao meu redor, e por dentro, o contraste, uma tempestade. Um calor estranho, desconfortável. Como se meu peito fosse pequeno demais para tudo que se acumulava dentro dele. Parecia que o mundo tinha ficado pequeno também. Cada passo meu era um esforço para não me desfazer. Como se o simples ato de respirar fosse uma escolha entre cair ou continuar em pé. Encostei na pa