Mesmo com os olhos fechados, eu sabia que algo estava diferente. O som dos passos, a troca de olhares entre Enzo e Dante, a respiração suave de Vitória, tudo aquilo me dizia o que eu não conseguia ver. Eu estava ali, naquele quarto branco, sentindo cada vibração, cada tensão no ar, mas também a paz que eles me ofereciam, silenciosa, sem pressa.
Eu estava exausta, o corpo cansado depois do parto, mas minha mente, aquela mente que nunca descansava, estava mais alerta do que nunca. O som dos irmãos conversando chegou até mim, mesmo que as palavras fossem murmuradas. Eu não precisava ouvi-las com clareza para entender o que estava acontecendo. Havia algo no ar, algo que estava sendo reparado, talvez curado.
Quando Dante entrou, ele ficou quieto, como sempre. Mas eu sabia que ele estava ali para mais do que apenas observar. Ele estava ali para aprender a ficar. Não por ele. Mas por ela.
Por Vitória.
O silêncio entre os dois irmãos era carregado de significados. Eu sentia isso nas entrelinh