Entre Linhas e Silêncios
O cartório da cidade parecia um relicário antigo. Ana Luísa percorreu os corredores estreitos e cheios de prateleiras de madeira escurecida, cujas etiquetas desbotadas denunciavam a passagem de décadas.
O ar tinha cheiro de papel envelhecido e tinta adormecida.
Ela se apresentou à atendente com um sorriso discreto, e logo foi conduzida à sala de consultas públicas.
Ali, cercada por pilhas de pastas e livros de registros, mergulhou nos arquivos.
Buscava doações, nomes ligados à família Vasconcellos, registros de transferências e compras de terrenos.
Anotava cada dado com cuidado.
Uma das anotações chamou sua atenção: em 1991, uma propriedade rural nos arredores da cidade fora transferida para um nome irreconhecível, mas a rubrica era idêntica à do homem que aparecera nas fitas.
O mesmo homem não identificado.
Enquanto isso, Rafael folheava jornais antigos no sótão do jornal local.
O lugar era abafado, iluminado por uma lâmpada fluorescen