Narrado por Bianca
Troquei de cidade de novo.
Não era coragem, era desespero.
Peguei um ônibus às pressas, de madrugada, depois de ver um carro preto parado em frente à pousada por mais de uma hora. Não precisava de confirmação: ou era Noah, ou eram os outros. E nenhuma das duas opções era segura.
Aluguei um quarto em uma casa simples, no interior, usando outro nome. A dona era uma senhora religiosa que nem pediu documento. Disse que estava “viajando para descansar a cabeça”, e ela me acolheu com um sorriso doce demais para alguém que carrega um mundo de medo no peito.
Mas o corpo… o corpo não entendia mais comandos.
As dores começaram assim que fechei a porta.
Primeiro leves. Depois uma pressão baixa na parte inferior da barriga. Mas o que mais me assustou foi o sangue. Pouco, mas suficiente para me fazer gelar.
Me sentei na beirada da cama, segurando a respiração.
Não.
Não agora.
Não aqui.
Não sozinha.
Peguei o celular — o novo, sem chip rastreável — e procurei clínicas nos arredore