Carolina
Nada como fazer o serviço sujo com as próprias mãos.
Depois do jantar com Gustavo, eu passei a madrugada inteira acordada. Não consegui dormir nem por um segundo. Fiquei pensando naquela oportunidade, naquela bomba prestes a explodir. Um pai alcoólatra. Violento. Abandonado. E a filha perfeita, casada com o queridinho dos ricos, se fazendo de santa.
Eu podia destruir a imagem dela. Podia acabar com aquele casamento de comercial de margarina e fazer o mundo ver a verdade, ou, pelo menos, a versão da verdade que eu escolhesse.
Pesquisei a localização que o idiota do Gustavo me passou. Pablo. Morava em um subúrbio afastado, decadente, num beco quase esquecido pelo mundo. Era o retrato do fracasso. Exatamente o tipo de homem que uma mulher como Bianca enterraria no passado.
Peguei meu carro com motorista. Botei um óculos escuro grande, o tipo que esconde até a alma. Casaco bege, lenço no pescoço, nada de luxo chamativo. Eu não queria ser reconhecida. Queria parecer mais uma rica