Fátima sentia ansiedade só de imaginar o telefone tocar, queria poder testar sua força de vontade e não atender. Era o exercício: resistir. Ignorar. Mostrar que podia. Colocou o telefone na bolsa e saiu do táxi. Não podia conduzir ainda.
O elevador da empresa se abriu, e uma mulher de estatura média, elegante, saiu acompanhada por dois homens. Usava calças até os tornozelos, um casaco combinando e saltos médios, estiletes. Fátima reconheceu de imediato: Helena Boran. A esposa do magnata Boran.
O coração apertou. Já a tinha visto antes, e não teve um bom pressentimento. O que ela fazia ali?
Desde que as empresas de seu marido ruíram anos atrás; e ele caiu doente logo depois, o nome Boran havia desaparecido. Tornou-se um eco do passado. Quase ninguém falava mais neles.
Fátima apressou-se. Já era quase meio-dia. H