Revistem a casa. Procurem em todos os cômodos, revirem tudo.
O peso da responsabilidade era constante. Cuidar dele sozinha era um exercício diário de resistência — encontrar forças quando as forças faltavam, sorrir mesmo quando o coração doía. Perguntei-me mais de uma vez se meu amor bastaria.
Doía-me o fato de negar-lhe todo bem material que Zahir poderia lhe dar. Um dia teria que procurar Zahir, um dia teria que lhe contar de seu filho. Mas esperava que Vitor estivesse grande, para entender todas as coisas, e ter idade suficiente para fazer suas escolhas.
Até lá, sigo em silêncio. Entre a saudade, a culpa e o amor que ainda insisto em esconder.
O silêncio era meu refúgio e meu cárcere. Vivendo entre memórias e pequenas alegrias, eu cultivava uma esperança tênue: que o tempo me desse clareza, e que — quando chegasse o momento de enfrentar Zahir — eu o fizesse inteira, pela minha vida e pela dele.
Há uma semana, eu estava na lanchonete. Era uma tarde comum — o sol queimava lá fora, o cheiro de café recém passado misturava-se ao da maresia, e o