O silêncio entre nós.
Consegui controlar a voz.
— Zahir, você pode dar de mama a Vitor?
Zahir me encarou com os olhos negros brilhando à meia-luz. Havia neles uma mistura de cansaço e ressentimento, um silêncio carregado de lembranças dolorosas. O rosto estava sério, fechado — e, ainda assim, eu podia ver o homem que um dia me amou escondido sob aquela frieza.
Ele estendeu a mão, pegando a mamadeira com firmeza.
— Pode deitar. Eu dou. — A voz saiu seca, contida.
Deixei os dois e caminhei pelos corredores, sentindo-me como uma sonâmbula. Assim que fechei a porta do quarto, encostei-me nela e respirei fundo.
As lágrimas vieram, teimosas, ardendo nos olhos. Limpei-as com raiva.
Como pude ser tão tola a ponto de não perceber o amor de meu marido?
Haveria conserto?
Um dia, Zahir voltaria a me olhar com ternura?
Atraída pela luz prateada do luar, caminhei até a sacada e afastei as cortinas. A noite em Londres parecia suspensa, silenciosa, com poucos carros cruzando as ruas úmidas. Eu olhava tudo sem ver — meu co