Zahir
Abri os olhos e vi-a imóvel — pálida, quase sem cor, como se o tempo tivesse parado ao redor dela. Dei um passo à frente, sentindo o coração bater com força, descompassado. Então, ouvi o som suave de um respiro infantil, e meu olhar se voltou para a mulher grisalha parada na porta, com uma criança nos braços.
Por um instante, pensei estar sonhando. Mas quando o menino levantou o rosto, o ar me faltou. Aqueles olhos... negros, intensos, como os meus. O mesmo tom da noite que sempre vi refletido no espelho. O mesmo olhar que tantas vezes Sophia dissera não conseguir decifrar.
Meu corpo inteiro ficou rígido. Era como se cada célula entendesse antes mesmo da mente. O menino tinha minha pele, meu cabelo, meu olhar. Era a minha cópia em miniatura.
Um silêncio pesado se formou entre nós. Tudo o que me cercava desapareceu — o calor, o som distante das ondas, o leve ranger do ventilador de teto. Só restou aquela revelação crua e devastadora.
— Por Allah... — murmurei, a voz rouca, irreco