Ele estava recostado em uma cadeira ao fundo, com o blazer jogado por cima dos ombros e o olhar preguiçoso... até ela aparecer. Seus olhos se acenderam como se alguém tivesse acendido as luzes de dentro.
Harper nem notou sua presença. Caminhou com foco até Mila, agachou-se suavemente para ajustar a barra do vestido da modelo, os dedos ágeis e precisos. Seu decote se insinuou no movimento, e Eros engoliu seco, cruzando as pernas, quase desconcertado com a naturalidade do desejo que ela despertava. Era diferente. Não era só sobre o vestido, os saltos ou a curva dos quadris. Era ela. O jeito como franzia o cenho ao concentrar-se. O modo como dominava um ambiente sem nem tentar. Harper se levantou, passou os olhos pela sala e só então viu Eros. Ele já a observava. Ela congelou por um segundo, e o mundo pareceu parar. Ele sorriu, daquele jeito perigoso e confiante. — Achei que hoje seria só mais um dia entediante — disse ele, só para ela. Harper ajeitava alguns acessórios na bancada improvisada quando ouviu duas maquiadoras cochichando atrás dela: — Dizem que Mila veio com o namorado hoje… — Sério? Quem? — Aquele lá, o bonitão que tá ali atrás observando tudo. Eros Thorne. Harper congelou por um segundo. Eros? Namorado de Mila? Engoliu a surpresa com um sorriso lento. então é isso? Ela olhou discretamente na direção de Eros, que conversava com um dos fotógrafos. Mila, do outro lado do estúdio, tirava selfies. A peça encaixou como um desafio na cabeça de Harper — e ela nunca foi de recuar de um jogo, principalmente se já estivesse envolvida. Durante a pausa para o lanche, o estúdio esvaziou um pouco. Harper continuou trabalhando, fingindo concentração no rack de roupas. De propósito, deixou um brinco cair e agachou devagar, o vestido subindo ligeiramente, revelando mais do que devia. Sentiu o olhar de Eros cravado em si como fogo na pele. Como esperava, ele se aproximou. — Deixou cair alguma coisa… — disse ele, a voz baixa, rouca, quase divertida. Antes que pudesse responder, Harper sentiu sua mão tocar suavemente suas costas e depois sua cintura, puxando-a com firmeza. Ela se virou com rapidez, os rostos próximos. O perfume dele. O calor. O silêncio em volta. — Achei que viria apenas observar — sussurrou. — Mudei de ideia. Ela sorriu, e em um impulso carregado de tensão, selou os lábios nos dele. Um beijo firme, inesperado. Eros retribuiu sem pensar, sem medir, sem entender por que aquele toque parecia mais certo do que tudo que conhecia. E Harper, por dentro, sorria. Porque sabia exatamente o que estava fazendo. Ainda com o gosto do beijo nos lábios, Eros a segurou com firmeza pela cintura, como se não quisesse deixá-la escapar de novo. O estúdio, os flashes, os murmúrios — tudo pareceu desaparecer por um instante. — Vem comigo — disse, os olhos fixos nos dela, a voz baixa, carregada de desejo. Harper deu um meio sorriso, recuando um passo. — Não posso, estou trabalhando… lembra? — disse, mordendo o lábio como se gostasse da tensão que isso criava entre eles. Ele respirou fundo, visivelmente contrariado. Seus dedos tocaram de leve a pele exposta no ombro dela enquanto se inclinava mais, sussurrando rente ao ouvido: — Estou viciado em você… Ela ficou imóvel. Um arrepio correu pela espinha. Não era apenas uma cantada. Havia verdade demais naquela frase, intensidade demais no olhar. Mas antes que ela respondesse, a voz de Simon ecoou do fundo do estúdio: — Harper, preciso de você agora. Mila quer alterar o look. Ela afastou-se devagar, ainda sentindo o corpo dele colado no seu. — Vai ter que esperar… viciado ou não. — disse com um sorriso provocador, enquanto voltava ao trabalho, deixando Eros ali, absorto, completamente rendido. Nível 1-completo. Nível 1 da Luxúria — Já estava completamente Fase 1: A Obsessão Visual—Era o olhar que buscava, mesmo sem querer. Como se os olhos já estivessem treinados a encontrá-la no meio de qualquer multidão. Cada curva, cada movimento, cada som que vinha dela — era um convite involuntário ao desejo. Ele não sabia o nome dela direito, mas sabia de cor o contorno dos ombros, o cheiro do pescoço e a forma como os cabelos caiam nas costas. A presença dela era distração e fixação ao mesmo tempo. Um vício silencioso, que começava pelos olhos e descia direto para os instintos. Fase 2: A Fantasia Constante—Era o toque que não aconteceu, mas já tinha sido imaginado mil vezes. No carro, no escritório, no chuveiro. Em pensamento, ela já era dele — nos detalhes mais íntimos e não ditos. O corpo dele reagia só de lembrar. E quando estava sozinho, o nome dela escapava como uma confissão involuntária. A vontade de tê-la não era mais curiosidade. Era necessidade. E o mais perigoso? Ela ainda nem sabia o quanto ele já tinha ido longe… dentro da própria mente. Harper saiu do estúdio exausta, os saltos nas mãos, o cabelo preso de qualquer jeito e a maquiagem quase inexistente. Mas assim que viu o carro parado do outro lado da rua — aquele carro —, o coração deu um salto.