— Tu estás mesmo tentando esquecer ele... — murmurou Adolf.
Ela soltou a fumaça devagar e respondeu, fria:
— Eu estou tentando esquecer que alguma vez amei aquele idiota.
Mila vestiu-se em silêncio, sem pressa. Cada peça recolocada no corpo parecia mais uma camada de defesa reconstruída. Adolf, ainda deitado, observava sem dizer nada. Quando ela terminou, parou diante do espelho, ajeitou o cabelo, limpou os resquícios do batom borrado e virou-se para ele.
— Nada aconteceu aqui, Adolf. — a voz saiu firme, quase cortante.
Ele arqueou as sobrancelhas, mas não discutiu. Apenas assentiu, encarando-a com um misto de decepção e fascínio.
— Se alguém souber, eu vou negar até o fim. — ela continuou. — E tu não vais querer me ver desmentir publicamente.
Pegou os saltos com a mão, como se o som deles no chão fosse um fardo, e caminhou até a porta.
— Até nunca mais. — disse, sem olhar para trás, e saiu.
Adolf ficou ali, nu, com o lençol puxado até a cintura. Não sabia se havia sido usad