Extremamente Apaixonado
Extremamente Apaixonado
Por: Agnela
A pulseira de Jade

Luzes negras, música eletrônica, jovens de um lado e do outro, drogas, bebidas alcoólicas, e gritos de adrenalina de Adolf McCole. Depois de já estar sob efeito das pastilhas que usou e na sua trigésima dose de cerveja.

Mulheres dançando em varões com poucas roupas e outras já nuas. Era assim a noite de homens entre amigos. Do alto Eros, de terno feito sobe medida, seus cabelos parcialmente desarrumados, e lábio inferiores grossos, tão grossos que apeteciam mordê-los, mas ele os lambia, como se procurasse algum outro sabor além do vinho que tomava, seus olhos azuis observavam tudo, seu primo quase tirando as calças no meio da pista de dança e ele se divertindo com sua taça ainda na mão que por acaso era a primeira desde que chegou, e a outra no bolso de sua calça absurdamente cara.

— Você não vai fazer nada? O cinto já está fora da calça. Não tarda nada tudo sai. Tem muitos fotógrafos por aí. — Falou Mila, sua namorada.

— Deixa ele se divertir, ninguém ousaria fazer uma coisa dessas — respondeu tomando um gole na sua bebida.

Adolf começava a ficar rodeado de mulheres, e uma delas o arrastava para os bancos ao lado. Aos beijos os dois começaram a fazer sexo ali mesmo.

Eros sorriu, e terminou a taça de vinho num só único gole.

— Vamos! — disse ele pra Mila que olhava o primo do namorado com imensa incredulidade.

Ele agarrou sua mão e saíram os dois da boate, fazia mais de dois anos que ambos namoravam mas ela nunca se acostumava com aquilo. Parecia sempre uma realidade distorcida.

— Podemos não vir mais aqui? Estou farta desse lugar. Esse tipo de coisa não é pra mim, e tu sabes disso.

Eros de costas para ela, revirou os olhos. Como quem diz “já vai começar”.

O garagista, trouxe o carro desportivo que conduzia. O Bugatti Chiron.

Ele custa, em média, entre US3 milhões e US 4 milhões. É um dos carros de produção mais rápidos e exclusivos do mundo, com mais de 1.500 cavalos de potência e velocidade máxima acima de 400 km/h.

É símbolo máximo de excesso, luxo e status— perfeito. Um símbolo de luxúria e poder absoluto.

— E se nós caminharmos juntos um pouco? Faz um tem…— Antes que ela terminasse a frase, ele logo a cortou.

— Pede um táxi! Hoje não vou conseguir te deixar em casa. Mas se tiver tanta vontade de andar, aconselho-te a tomar cuidado no caminho.

— Vai me deixar sozinha?

— Não tem tanta vontade de caminhar? Então faça um exercício. Corra dez quilômetros até a tua casa, não é nada longe, assim aproveitas a oportunidade e entra oxigenação nesse cérebro que penso não estar funcionando direito.

Não esperou por uma resposta e deu partida. Deixando ela com medo e muito frio. Um tempo depois o garagista chamou um táxi para Mila, que com os olhos vermelhos e o rosto molhado entrou sem questionar. Ainda não acreditando que o homem que dizia amá-la, tinha acabado de lhe abandonar em um lugar cheio de pessoas perigosas. Depois de ter chegado, na portaria de seu prédio, Mila entrou distraída e acabou esbarrando em Harper nas escadas.

O impacto foi leve, mas o suficiente para desequilibrá-la. A pulseira de jade caiu ao chão — a única lembrança de sua maior perda. Um presente deixado por sua avó.

Mila não parou para ver o estrago que fez, seus pensamentos estavam em Eros e seus comportamentos sem nexo nenhum, a jovem perguntava para si mesma, porquê se submetia a tudo isso. Continuou subindo, Harper estava furiosa, subiu apressadamente e puxou os braços de Mila.

— Ficou louca? Não viu que esbarrou em mim? Como pensava em ir embora depois do estrago que fez? — perguntou a mulher brava.

Mila enxugou os olhos e olhou para baixo, viu a pulseira no chão e abriu a bolsa.

Deu um longo suspiro e disse.

— Vocês pobres sempre arranjam alguém para culpar o vosso azar. — Tirou um guardanapo de papel, limpou as lágrimas e soou nele. O papel amassado e sujo, Mila colocou no na mão de Harper. As mãos dela estavam estendidas, não porque esperavam alguma coisa, mas porque estava indignada com o comportamento da Jovem. — Não vai receber nada de mim, vai chatear outra pessoa.

Voltou a subir as escadas como se nada tivesse acontecido.

“Que mulher mais soberba” pensou Harper. Que ainda de coração partido, prometeu voltar no dia seguinte. Tinha um compromisso esperando por ela em casa e já estava atrasada.

Saiu do prédio onde trabalhava, e correu o mais depressa até a estação do metrô, pegou o que levaria até a vida que ela mais odiava. Ser pobre, era sua lembrança diariamente horrível de como viver, nem mesmo se trabalhasse por anos, com cento e cinquenta dólares que ganha conseguiria sair dela. As imensas contas para pagar e seus luxos para sustentar lhe roubavam muito tempo. E como dizem…

— Tempo é dinheiro, vê se sai da frente e libera o caminho seu velho asqueroso. — gritou ela com um velho pedófilo do bairro onde vivia.

Harper correu o mais rápido que pôde, os saltos batendo contra o piso com um som agudo e determinado. Os sapatos — comprados em um brechó escondido numa ruela de outra cidade, durante uma viagem relâmpago com Emília e suas amigas ricas — pareciam gritar elegância. Tinham um ar de exclusividade, de item de grife vintage, e ninguém jamais ousou questionar sua origem. Afinal, naquele grupo, o que parecia caro era caro por direito.

Ela quase tropeçou ao dobrar a esquina, mas não parou. O batom já borrado, o coração acelerado — não só pela corrida, mas pela urgência que sentia sem entender o porquê.

“Por favor, não deixa ela ter ido embora ainda.”

Talvez fosse culpa. Ou orgulho. Ou só a sensação estranha de que havia algo prestes a desmoronar — e Harper detestava perder o controle. Olhou para os imensos degraus que davam até a parte de cima para poder chegar até sua casa no alto.

O salto torceu ligeiramente ao subir os degraus, mas ela continuou, como se aquilo fosse apenas mais uma das tantas encenações sociais que aprendera a dominar.

Com suor que caía em sua roupa, que provavelmente foi lhe emprestada por Emília e sua maquiagem simples estava derretendo sobre ela, feita com produtos provavelmente fora de validade, ela chegou. Suas coisas estavam sendo jogadas fora no meio da madrugada.

— Espera! —Gritou ela, vendo o homem jogar sua máquina de lavar no meio da rua.— Porquê jogou ela assim?

— O prazo terminou, a dona da casa mandou jogar tudo fora, não importava o que fosse.— disse o homem.

— Minhas coisas todas, eu ainda não terminei de pagar, essa máquina era novinha.— Seu rosto já estava molhado pelas lágrimas que escorriam.

— Não quero saber! Arrume outro lugar pra ficar. — O som da porta se fechar ecoou em sua mente, como quem fecha a porta da esperança.

Ela sentou-se no sofá, a maquiagem borrada, os olhos pretos do rímel barato que usou talvez, ou das imensas lágrimas que derramou, mas o suor contribuiu bastante para o aspecto horrível que ela tinha.

“E agora? O que eu faço?”

Eros, Tinha acabado de chegar a sua imensa mansão, onde vivia com seus pais e irmãos. Embora a família fosse muito unida ainda tinham questões que não podiam ignorar. Eros Thorne, filho do deputado e candidato à presidência Ares Thorne e sua mãe Afrodite Thorne. E além de Eros tinham mais dois filhos, Harmonia e Himeros, os gêmeos, uma família de deuses gregos. Todos pareciam ter saído de um programa de Photoshop ou de uma daquelas inteligências artificiais que embelezam tudo até o absurdo — beleza impossível, sem falhas, quase entediante de tão perfeita.

A casa estava silenciosa, envolta numa penumbra espessa. Eros entrou na casa com passos leves, como se o silêncio tivesse peso. A luz da sala estava acesa. Um abajur, jogando sombras douradas sobre as paredes. O cheiro do charuto queimado era inconfundível.

Ali estava ele — seu pai, afundado na poltrona de couro, o olhar perdido, os dedos ainda segurando o charuto aceso.

— Não consegue dormir? — perguntou Eros, quebrando o silêncio.

— Esteve com Adolf? — o pai perguntou sem encará-lo. — E Aquela sua... namorada modelo?

Eros ficou em pé, observando-o por alguns segundos.

— Sim.

O pai soltou um suspiro baixo, quase triste.

— Então é verdade? Vocês estavam usando drogas.

— Não! Do que o senhor está falando? — fingiu indignação.— O senhor sabe que eu não tenho nada haver com as coisas do Adolf.

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