CAMILA NOGUEIRA
A casa ficou silenciosa pelas horas seguintes. Pouco depois dele sair, uma empregada bateu na porta do quarto e avisou que o almoço estava servido. Eu tive que descer e me sentar à enorme mesa de jantar, sozinha com Arthur.
Foi a refeição mais estranha da minha vida. Ele estava de volta ao seu modo empresarial, inexpressivo e distante, como se não tivesse me beijado até eu perder o fôlego. Ele fez algumas perguntas sobre minha faculdade, eu respondi com monossílabos. A comida estava deliciosa, mas eu mal prestava atenção no gosto. A cada vez que eu olhava para a boca dele, tudo o que eu conseguia lembrar era a sensação dela contra a minha.
Assim que terminou, ele se levantou e ajeitou o terno.
— Preciso ir à empresa. Há algumas coisas que preciso resolver. Sinta-se à vontade. Afinal, a casa é sua.
"A casa é sua". Que mentira educada. Eu era apenas mais um acessório caro que ele tinha adquirido para ela.
Mesmo assim assenti, e ele saiu, me deixando sozinha.