CAMILA NOGUEIRA
O sono não foi um descanso, foi um apagão. Meu corpo parecia ter desligado todos os disjuntores de uma vez, mergulhando-me em uma escuridão pesada e sem sonhos, uma fuga necessária do terror que tinha invadido o hall de entrada horas antes.
Mas a paz foi curta. E brutalmente interrompida.
Acordei com um sobressalto, o coração disparando antes mesmo de eu entender onde estava. As luzes do closet estavam acesas, projetando uma faixa de claridade dura sobre a cama.
Havia barulho. Movimentos rápidos e urgentes. O som de um zíper sendo fechado com violência e o baque de uma gaveta.
Sentei-me na cama, piscando contra a luz, sentindo uma tontura imediata. Minha cabeça parecia pesar uma tonelada, e meus membros estavam dormentes, como se eu tivesse corrido uma maratona enquanto dormia.
— Arthur? — minha voz saiu empastada, rouca de sono.
Ele saiu do closet como um furacão. Estava de calça social preta e abotoava uma camisa branca com dedos trêmulos e desajeitados. Arthur Vasco