CAMILA NOGUEIRA
Fechei a tampa do notebook com um movimento trêmulo, cortando a luz azul que banhava meu rosto. O silêncio que se seguiu foi quase sufocante, como se as palavras de Arthur e o terror de Diogo ainda estivessem ricocheteando nas paredes.
Minhas mãos tremiam incontrolavelmente. Olhei para elas, espalmadas sobre o computador, e as vi como se pertencessem a outra pessoa.
Se a lealdade era a melhor moeda de troca que eu tinha naquele casamento, eu acabara de gastar tudo em uma aposta de altíssimo risco.
Precisava me livrar daquilo. Imediatamente.
Com um solavanco, levantei-me da cama. O pendrive prateado parecia queimar na minha palma. Corri para a minha bolsa de praia, que ainda estava jogada perto da porta, exalando o cheiro de maresia que agora me causava náuseas. Enrolvei o pendrive dentro de um lenço de papel amassado e o coloquei no bolso interno, com zíper, bem no fundo do forro da bolsa. O bilhete foi dobrado em quatro, oito, dezesseis vezes, até ficar minúsculo, e