O despertador sequer precisou tocar. Helena acordou antes, ainda meio perdida na linha tênue entre o sono e a vigília. O quarto estava silencioso, iluminado apenas por uma fresta de luz que escapava pelas cortinas mal fechadas. O relógio no criado-mudo marcava pouco depois das sete.
Virou-se devagar, encontrando Eduardo ao seu lado, dormindo profundamente. Ele estava deitado de lado, uma das mãos apoiando a cabeça, os cabelos levemente bagunçados, a expressão tranquila, serena. Havia algo reconfortante em observá-lo assim — vulnerável, livre das tensões que normalmente carregava acordado.
Suspirou, passando a mão sobre o próprio abdômen de forma quase inconsciente. O incômodo ainda estava ali, leve, bem menos intenso do que no dia anterior, mas suficiente para lembrá-la dos últimos acontecimentos. E, junto dele, aquela pontinha de frustração insistente que ela nem sabia exatamente como lidar.
Fechou os olhos por alguns segundos, tentando organizar os próprios pensamentos. Não era