O cheiro de mofo e madeira velha impregnava o ar, tornando-o quase sufocante. Cada passo que Eduardo e Henrique davam sobre o assoalho rangente parecia ecoar na alma de Helena, que seguia logo atrás, com o coração disparado e os músculos tensos, como se seu corpo inteiro estivesse em estado de alerta.
O casarão abandonado onde tudo terminaria parecia uma metáfora cruel — paredes descascadas, vidros quebrados, móveis empoeirados e pedaços do passado espalhados pelo chão. Um retrato fiel da vida despedaçada que Marina havia levado. E, de alguma forma, também das marcas que ela deixara em Helena.
No centro da sala, Marina estava sentada em uma poltrona antiga, o tecido rasgado expondo a espuma amarelada. Seus olhos estavam fixos em algum ponto indefinido, como se não quisesse — ou não pudesse — encarar a realidade que se desenrolava diante dela.
Ela não tentou fugir. Não se levantou. Apenas permaneceu ali, imóvel, como se já soubesse que o fim era inevitável.
Henrique foi o primeiro a ro