As gotas de chuva tamborilavam nas janelas como dedos inquietos, estabelecendo um ritmo irregular que preenchia o silêncio do pequeno apartamento. O céu, tingido de um cinza profundo, parecia consumir a cidade em sombras líquidas, como se o próprio tempo se dissolvesse em lágrimas invisíveis. Marina permanecia imóvel na poltrona desgastada, o olhar fixo na tela do notebook à sua frente, onde uma imagem congelada a desafiava com desprezo.
Helena sorria. Era um sorriso simples e radiante, como se o mundo lhe pertencesse por direito. Vestindo-se com a naturalidade de quem nasceu para ser admirada, caminhava ao lado de Eduardo Vasconcelos sem hesitação, como se cada passo fosse uma afirmação silenciosa de poder e conquista. O prestígio, os holofotes, o amor — tudo parecia lhe ser oferecido como uma dádiva inevitável, um presente que o destino lhe entregara sem esforço.
O rosto de Marina permanecia impassível, mas algo em seus olhos tremia, uma chama frágil que se recusava a apagar. Não