O céu cinzento daquele sábado parecia espelhar o peito de Helena. A casa continuava mergulhada em um silêncio cruel, e o cheiro do travesseiro de Eduardo, que ela apertava contra si, já começava a desaparecer. Como se até ele quisesse sumir de vez.
Ela não sabia mais o que pensar, o que sentir. Só sabia que não suportava mais ficar ali, parada, à espera de um sinal que talvez nunca viesse.
Mas havia algo que ainda pulsava dentro dela. Raiva. Não a raiva violenta, destrutiva. Era uma raiva silenciosa. Ferida. E ela precisava fazer alguma coisa com aquilo.
Depois de lavar o rosto e prender o cabelo, pegou a chave do carro. Dirigiu até o hospital, decidida a cavar a verdade com as próprias mãos. Precisava entender melhor o quadro do pai, confirmar o que o laudo dizia, encarar tudo aquilo sem filtro.
— O quadro é atípico — disse o neurologista. — Não conseguimos encaixar nos padrões clássicos, mas os sintomas existem. Confusão, desorientação... há algo acontecendo.
Helena deixou o ho