O relógio da sala já marcava mais de oito da noite quando o som inconfundível da porta se abriu. Estava no tapete com os meninos, rindo junto das pequenas descobertas deles, quando o barulho fez o corpo se retesar por um instante. Ainda era difícil acostumar com a presença constante de Gael, mas, pouco a pouco, o incômodo começava a dar lugar a uma estranha familiaridade.
Bruno gargalhava enquanto tentava encaixar um cubo colorido dentro de uma caixa, sem sucesso, e Breno, sempre calmo, observava tudo de perto, aconchegado.
Gael entrou. A postura firme de sempre, mas o olhar… havia algo diferente. Depositou o celular sobre a mesa, ajeitou a manga da camisa e manteve os olhos fixos por alguns segundos antes de soltar a notícia:
— Hoje vamos sair para jantar.
A frase caiu como uma pedra no silêncio da sala. O coração acelerou. O instinto imediato foi olhar para os meninos, como se ali pudesse haver uma desculpa para recusar. Mas eles riam, alheios ao peso daquilo.
— Tudo bem — saiu da m