Deixei os meninos sob os cuidados de dona Francisca naquela manhã. Ela os recebeu com a ternura de sempre, braços abertos, como se fossem parte de sua própria família. Breno logo se aninhou em seu colo, tranquilo, enquanto Bruno já explorava o ambiente com os passinhos curiosos. Depois de garantir que estariam em boas mãos, dei um beijo em cada um e me despedi, com o coração apertado, mas consciente de que precisava desse momento só meu.
O caminho até o cemitério foi silencioso. As ruas estavam calmas, e, por mais que os pensamentos tentassem se espalhar em mil direções, deixei-me guiar apenas pelo som do motor e pelas lembranças que vinham em ondas. Não visitava aquele lugar havia meses. Desde o nascimento dos meninos, a vida tinha se resumido a cuidar deles, a sobreviver dia após dia, a me adaptar à nova rotina. Agora, porém, a necessidade de estar diante do túmulo da avó era quase física, como se ali fosse possível encontrar respostas que ninguém mais poderia oferecer.
O cemitério