Dois dias depois, o tempo amanheceu nublado, carregado a ponto de anunciar chuva. Ao lado de Gael, que mantinha minha mão firme entre as dele como apoio constante, recebia abraços e palavras de condolências de conhecidos de minha avó. Alguns mal conseguiam esconder as lágrimas, outros apenas se aproximavam em silêncio, como se o gesto falasse mais alto que qualquer palavra.

Enquanto o padre discursava, a mente vagava entre lembranças boas e aquele momento doloroso. Quando o caixão foi posto na cova, as lágrimas vieram sem contenção. Conhecia a dor da perda desde cedo, mas jamais pensei que a vida arrancaria minha avó tão rápido. O peso da culpa pelo dinheiro que faltou para o tratamento me esmagava, e a respiração tornou-se descompassada. Gael me puxou mais para perto de si, tentando me proteger do desespero. Pouco depois, a chuva começou a cair, como se o próprio céu chorasse a partida de alguém tão especial.

— Até os céus se entristecem com a perda de uma mulher maravilhosa — murmur