Pantera narrando
Mano, vou te falar… tentei focar nos número da boca, mas parecia que os bagulho tavam tudo embaralhado na minha frente. Sentei na mesa lá na boca, caderno aberto, grana contada… mas a cabeça? Tava longe.
Janete.
Aquela morena me tirou do eixo, na moral. Desde a hora que ela saiu do baile jogando charme e provocação, eu não consigo pensar em outra coisa. Nem consegui dormir direito, sonhei com ela me encarando daquele jeito marrento, me testando, me tirando… e eu aqui, parecendo moleque novo que nunca viu mulher.
Fiquei ali, lápis na mão, fingindo que tava somando as parada, mas na real tava lembrando do jeitinho dela se aproximando de mim, da risada debochada, do cheiro bom que ficou no ar quando ela passou.
Até o Blackout chegou com os malotes e percebeu.
— Qual foi, chefia? Tá contando dinheiro ou tá escrevendo carta de amor?
Mandei ele se lascar, mas no fundo… ele não tava errado, não. Essa mulher bagunçou o sistema. Já vi muita mina no baile, já tive várias, mas