Pantera Narrando
Acordei com o toque do rádio chiando na mesa. O bagulho já veio direto:
— Movimentação estranha na parte baixa do morro.
Nem tomei café, nem botei camisa. Só enfiei o radinho no bolso, calcei o chinelo e desci.
O sol nem tinha subido direito, mas a quebrada já tava no gás. Molecada encostada, olho virado, todo mundo querendo saber se era treta. E eu, bolado. Porque se tem uma parada que eu não suporto, é traíra querendo subir na miúda.
— Fica esperto, que hoje o dia vai ser longo — eu falei pro Blackout quando ele apareceu no beco com cara de sono.
— Que foi, Pantera? — ele perguntou coçando o olho.
— Tão querendo testar minha paciência, irmão. E eu não sou muito de dar segunda chance, não...
Na moral? Quando eu vejo os moleque querendo se criar, querendo ser Pantera, eu só dou risada. Porque ser Pantera é sangue nos olhos, visão de águia e mente fria. Não é pra qualquer um. Hoje, alguém vai aprender isso na marra.
Cheguei lá no alto do morro com o coração batendo