Caíque narrando

Depois daquela mensagem da Lari mandando eu sumir, dizendo que o clima tava pesado e que era melhor eu vazar antes que alguém resolvesse descontar em mim… foi o que eu fiz. Não sou burro, nem tenho vocação pra mártir.

Arrumei minhas coisas na moral, sem fazer alarde. Peguei só o necessário, joguei dentro da mala, tranquei a casa e parti. Peguei a estrada antes do sol nascer, deixei pra trás tudo que podia me amarrar — inclusive ela.

Foi estranho, mano. Tipo, eu sempre fui o cara que encara, que bate de frente… mas dessa vez, o certo era recuar. Não por medo. Mas porque nessa guerra aí, as balas já tavam voando faz tempo e eu nem tava no campo certo. E eu sei que se eu ficasse mais um dia naquele morro, ia sobrar pra mim de um jeito ou de outro.

Agora tô em outra cidade. Lugar calmo, longe do barulho, onde ninguém conhece meu nome. Mas a cabeça não desliga, não. Ainda penso nela. Na Lari. Na forma como tudo virou do avesso. Só que agora, é cada um por si. E eu? Eu sigo