Domingo amanheceu preguiçoso. O tipo de dia que pede um edredom, café passado na hora e a mente livre de compromissos.
Mas Elize não sabia mais o que fazer com tanta calma. Acostumada com a correria da semana — elevadores fechando na cara, relatórios urgentes e olhares confusos de dois Villamar — o silêncio do apartamento parecia exagerado demais.
Sentada à mesa com o notebook aberto, ela tentou ler alguns artigos jurídicos pra não perder o ritmo. Mas bastavam duas linhas pra mente começar a sabotar.
"Essa tese poderia se aplicar naquele processo que o Arthur comentou na quarta."
"Esse artigo... certeza que o Henrique já citou numa contestação parecida."
Elize suspirou, fechando o notebook.
— Não dá. Nem pra fingir que tô relaxando eu presto.
Foi pra cozinha em busca de ocupação. Vasculhou os armários, encontrou ingredientes esquecidos e decidiu assar um bolo simples — de cenoura com cobertura de chocolate. Enquanto o cheiro ia se espalhando pela casa, Elize sentiu o peito aper