O sol mal começava a tocar a linha do horizonte quando Henrique abriu os olhos. Ou melhor, os manteve abertos depois de uma noite inteira mal dormida. Pesadelos vinham em ondas: ele no meio de uma plateia silenciosa, o pai discursando, Elize desaparecendo no meio da multidão, Beatriz chorando, e ele... sempre calado.
Tomou um banho morno tentando lavar da pele a sensação sufocante daquela noite. Vestiu uma camiseta qualquer, tênis, fones no ouvido, e saiu para correr. A areia ainda estava fria, os bares fechados, e só alguns madrugadores ocupavam o calçadão. Correu como se cada passo pudesse libertá-lo das garras invisíveis do pai.
Quando voltou, suado e ainda com a mente turbulenta, desceu para a academia do prédio. Passou as faixas nas mãos, ligou o som e socou o saco como se cada golpe fosse um grito. Nada aliviava. O peso do nome Villamar ainda estava lá, batendo mais forte que ele.
Sem aguentar mais, pegou o celular.
— Rodrigo, bora dar uma volta de jetski?
Algum tempo