Rodrigo cruzava os braços, recostado na borda da mesa, olhando fixamente para a porta fechada da sala de reuniões. O silêncio que escapava de lá o incomodava mais do que gritos.
— Silêncio demais. Isso nunca é bom quando o Augusto tá por perto — resmungou, sem desviar o olhar.
Elize ergueu os olhos do monitor, curiosa. Rodrigo estava estranho desde que Henrique entrara naquela sala. Ela tentou ignorar, mas agora ele parecia prestes a desabafar.
— Sabe… tem gente que se acostuma a viver sob pressão. Henrique é um deles.
Ela arqueou uma sobrancelha. Rodrigo suspirou e se sentou de lado na mesa, como quem já tinha aceitado que não ia mais trabalhar por um tempo.
— O pai dele sempre foi assim. Controlador. Exigente. O tipo de homem que nunca se dá por satisfeito. Henrique, desde pequeno, vivia tentando agradar. Tirava nota alta, aprendia outras línguas, falava bonito nos jantares… parecia que queria provar o tempo todo que era digno do sobrenome.
— Mas por quê? — perguntou E