O relógio marcava 12h45 quando Augusto Villamar atravessou as portas de vidro do escritório com sua habitual imponência. O terno cinza-claro sob medida e o perfume amadeirado anunciavam sua chegada antes mesmo que ele dissesse qualquer palavra. Seus passos firmes ecoaram no chão polido, e o silêncio se espalhou pela recepção como um contágio inevitável.
Glória endireitou a postura imediatamente, os dedos parando de digitar por um segundo.
— Henrique? — foi a primeira palavra de Augusto, carregada de exigência.
— Saiu pra almoçar, senhor — respondeu ela com o máximo de neutralidade.
— Com quem?
— Com a doutora Beatriz Luz.
Augusto fechou o semblante, os olhos estreitos atrás dos óculos de armação fina. Suspirou como quem lamentava profundamente a escolha do filho.
Sem comentar nada, ele se aproximou do balcão de recepção.
— A agenda do dia, Glória.
Ela passou a folha com os compromissos da tarde e ele apenas assentiu com a cabeça antes de seguir para o corredor que levava às s