O despertador tocou, mas Henrique desligou e permaneceu deitado.
A luz filtrada pelas cortinas leves deixava o quarto num tom dourado pálido, e o silêncio da manhã parecia amplificar o som do próprio coração batendo.
Ainda deitado, esticou a mão até o celular e discou o número do pai.
— Henrique? — a voz de Augusto atendeu, séria como sempre, mas não ríspida.
— Oi, pai. Tudo bem?
— Sim. Algum problema?
— Não. Só... queria saber se podemos jantar juntos amanhã. Eu, você, Arthur e a mãe.
Augusto demorou alguns segundos para responder.
— Algum motivo especial?
Henrique respirou fundo.
— Só senti falta. Faz tempo que a gente não se senta à mesa como uma família.
Do outro lado da linha, Augusto pareceu avaliar a resposta. Mas concordou:
— Tudo bem. Vou avisar a Ágatha. Que horas?
— Umas sete e meia. Levo o vinho.
Desligou com um nó no estômago.
Parte de si sabia que aquele jantar poderia virar um campo minado, mas precisava acontecer.
Antes disso, no entanto… ele tinha outr