O sábado amanheceu com um silêncio doce.
 A cidade ainda parecia meio adormecida, e ela decidiu que faria o mesmo: nada de rotina, nada de resolver a vida antes do meio-dia.
 Hoje, o dia era dela.
 Tomou um banho mais longo do que o normal, escolheu uma roupa confortável e simples — short jeans, camiseta de alcinha branca — e saiu com um objetivo em mente: cuidar de si mesma.
 Na esmalteria do bairro, sentou-se na poltrona estofada, quase luxuosa comparada à realidade dos últimos anos.
 Ela olhou ao redor, um pouco tímida. Não era um ambiente que ia com frequência, mas havia algo de terapêutico naquela atmosfera de cheiros doces e cores organizadas em fileiras de vidrinhos brilhantes.
 — Já escolheu a cor? — perguntou a manicure, sorrindo.
 Elize olhou para a prateleira, pensativa, e depois apontou.
 — Aquele branco leitoso ali. Discreto, elegante… coisa de gente séria.
 A profissional pegou o esmalte e começou a preparar as unhas.
 — Bem diferente do preto fosco que você usava na a