O beijo veio antes da resposta.
Dessa vez, sem hesitação. Sem pressa. Sem desculpas.
Pastas caíram da mesa quando ele a puxou mais perto. Papéis deslizaram como folhas secas.
As mãos dele passearam por suas costas com a precisão de quem já havia decorado aquele caminho mil vezes em pensamento.
O fogo veio. Primeiro devagar. Depois avassalador.
— Henrique… — ela sussurrou contra os lábios dele, ainda tonta.
— Hm? — respondeu, beijando o pescoço dela.
— Eu… preciso… de ar.
E antes que ele dissesse qualquer coisa, Elize se desvencilhou, pegou a prancheta caída e saiu da sala com o rosto em chamas.
Literalmente correndo.
Elize abriu a porta da copa com tudo, jogou a prancheta em cima da bancada e foi direto ao filtro.
Um copo. Um gole. Outro. Mais um.
— Você tá bem? — perguntou Glória, olhando por cima da borda do micro-ondas.
— Tô ótima. Só… recalculando a rota da minha vida.
Elize sorriu com os olhos arregalados, virou o copo inteiro e saiu com passos rápido