Arthur deu dois toques na porta da sala de Henrique e aguardou pela resposta.
— Pode entrar — disse ele, lá de dentro, sem saber o que o esperava.
Arthur entrou, fechando a porta atrás de si com um leve estalo. Cruzou os braços e se encostou na parede, do jeito mais despretensioso possível — só que ele nunca era despretensioso.
— Quer me contar o que acabou de acontecer aqui?
Henrique ergueu os olhos do notebook com calma, mas havia um certo cansaço escondido por trás da tranquilidade.
— Isso aqui é o quê? Uma auditoria emocional?
— Não. É só um irmão tentando entender se a garota que estava tremendo de medo agora virou a protagonista de uma comédia romântica — rebateu Arthur, indo direto ao ponto. — Porque, olha… o que quer que tenha acontecido aqui dentro, mudou o eixo da órbita dela.
Henrique fechou o notebook devagar, apoiou os cotovelos na mesa e entrelaçou os dedos, encarando o irmão.
— Ela me contou o que aconteceu no cais. O que veio depois. Tudo.
Arthur desarmou o so