A noite de quinta caiu com um ar mais leve, mas a mente de Elize ainda rodava em círculos.
Depois de se livrar das amarras do passado nos braços de Henrique, ela sentia como se tivesse sobrevivido a um terremoto — e agora andava por entre os escombros.
Mais leve, sim. Mas ciente de que ainda havia muito a reconstruir.
Quando chegou em casa, deixou a bolsa no sofá e foi direto para o quarto. Deitou-se por um minuto, só para escutar o silêncio.
O celular ainda estava em sua mão, e antes que a coragem escapasse, procurou o número salvo apenas como Aurélio.
A chamada tocou duas vezes.
— Fala, passarinha — disse ele, com aquele tom meio rouco, meio protetor, que sempre soava como abrigo.
— A gente precisa conversar — ela disse direto, firme. — No sábado. No café, como nos velhos tempos.
Do outro lado, ele demorou só um segundo para responder.
— Estou lá. Às oito?
— Fechado.
Ela desligou sem dizer mais nada. Sabia que ele entenderia. E, naquele momento, o silêncio dizia mais do q